Fome, “omê”, me e...


Não mais um circuito fechado, círculo vicioso de necessidade, no qual o centro sou eu, o homem, o tal. Agora, é a hora da estrela brilhar, hora de transformação. Fome? Fome, sim! Mas fome de justiça, oportunidade, vida, cultura, carinho, liberdade, paz, mudança, saúde, expressão... Fome de homem com “H” de humano, de agente modificador que se solidariza e se inconforma com uma sociedade desigual. Porque a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte. Pois a burguesia fede, quando não tece o amanhã. Agora, é a hora do espetáculo da vida. Explosão, mutação, não ao não, educação ecoando na consciência do indivíduo. Revolução, protesto, morte para o discurso vazio e seco. Voz ao fraco, ao humilde e ao marginalizado. Vida digna, com respeito e com VIDA. Mas e, agora, José? Agora, não mais TER, mas SER. Ser sem clichê, sem sonegar direito, sem banalizar a sobrevivência. Acertando o passo de um descompasso, onde é aço a essência, e ,máscara, a busca brusca de uma identidade e a caça de uma vida menos Severina. Que me desculpem Taine, o Deus Fado e o Capitalismo, mas chega de sermos joguetes, frutos de uma condição, porque, agora, é a hora. Que conservem as máquinas, a tecnologia e a comunicação digital, mas eliminem a solidão social. Vamos caminhar e cantar seguindo a canção, dando a mão a tudo que é “nego” torto do mangue ao cás do porto, pois somos todos iguais lado a lado ou não. Consta nos astros, nos signos, nos búzios. Eu li em um anúncio e no estatuto. Eu vi no espelho. Está lá no Evangelho. Garantem os orixás. Ser ou não ser não é mais uma opção, mas questão de cidadania. Chega de vida seca, de morte e vida seveirna, de cortiço, de ser José, José Ninguém. Olhe tudo por outro ângulo, com um olhar diferente de quem descobre a binômia de ser feliz mesmo brincando com ossos como se fossem boizinhos; comendo feijão com arroz como se fosse príncipe, o máximo. Agora, é a hora de sorrir para os outros na rua, não a atravessando com passo tímido nem subindo a construção como se fosse máquina. Sim, é hora de construir e de projetar, mas um futuro menos solitário. É hora de produzir e reproduzir alegres rumores, sons de brincadeiras de roda, balanço de crianças rangendo compassadamente em sombreados galhos de mangueira. É hora de acolher os velhos, de festejar a vida, de incluir os discriminados, de compartilhar os frutos da própria criação, de quebrar rotinas e destruir o consumo consumidor da seiva vital. Junto, com esperança, arquitetamos o amanhã, pois um galo sozinho não tece uma manhã. Mesmo que não falemos a mesma língua, que a música, que anuncia a mudança, seja melodia inesgotável, espontânea e universal aos ouvidos de toda a humanidade, traduzindo sentimentos, fugindo ao tempo e ao espaço, como faz o som de Bethoveen, Prokofiev e Schoenberg. É preciso cooperação, conscientização, reflexão. AÇÃO, porque quem faz a hora, não espera acontecer. São necessárias identidades pessoais, coletivas, QUERER, pois para conseguir o que se quer basta amarrar o arrado a uma estrela e ficar grávida de futuro. Fome, agora, transcende ao significado de conseqüência biológica. Precisa-se de fome de solidariedade, principalmente, para a nação, pois somos filhos deste solo que é mãe gentil, é a pátria amada Brasil.