Á todas as minhas queridas


Quando eu era pequena, acreditava no conceito de apenas
Uma melhor amiga para toda a vida.
Depois, como mulher, descobri que se você permitir que seu coração se abra você encontrará o melhor em muitas amigas.
É preciso uma amiga quando você está com problemas com seu homem.
É preciso outra amiga quando você está com problemas com sua mãe ou irmã.
Uma quando está se sentindo muito gorda ou muito magra, muito alta ou muito baixa.
Uma outra quando você quer fazer compras, compartilhar, curar,viajar, rir, ferir, chorar, meditar, brincar, ir ao cinema, ao teatro, ir ao salão de beleza, se divertir na praia ou apenas ser você mesma.
Uma amiga dirá "vamos rezar", uma outra "vamos chorar", outra "vamos lutar", outra "vamos fazer compras", outra "vamos fugir", outra "vamos saltar de pára-quedas"...
Outra "vamos numa vidente", ou "vamos tomar um porre", outra "vamos paquerar", outra "vamos para um SPA", ou... vamos abandonar tudo e dara volta ao mundo numa grande aventura!!!
Uma amiga entenderá às suas necessidades espirituais, sempre saberá daro melhor conselho e você sentirá que é uma resposta divina... Uma outra entenderá a sua loucura por filmes, livros e DVD's, uma outra a sua paixão por sapatos ou bolsas... Uma outra por perfumes, jóias, velas ou incensos, uma outra por cultura,aventuras e viagens... Uma outra amiga entenderá seu desejo por chocolate, outra por quadros, decoração, outra por música e dança... Outra enviará uma resposta que você precisa por e-mail, outra estará com você fisicamente em seus periodos confusos, outra estará a milhares de KM, mas dará um jeitinho de se fazer presente... Outra será seu anjo protetor e uma outra será como uma mãe. Mas onde quer que ela se encaixe em sua vida, quer você a veja pessoalmente ou não, independente da ocasião, quer seja o seu casamento, ou apenas uma segunda-feira chuvosa, todas são suas melhores amigas e estão presentescomo puderem. Elas podem ser concentradas em uma única mulher ou várias... Uma do ginásio, uma do colegial, várias dos anos de faculdade... Umas de academia, outras do clube, outras daquela viagem... Algumas de antigos empregos, algumas da igreja ou da yoga... Outras da internet, outras amigas de suas amigas, ex-cunhadas, ex-rivais, ex-chefes ou ex-colegas... Pode ser até mesmo aquela escritora famosa que te ajuda através de um bom livro ou de um programa na tv... Em alguns dias uma "estranha"que acabou de conhecer e em outros até mesmo sua filha ou neta. Poder ser ainda sua irmã, cunhada, prima, tia, madrinha, mãe, vó, bisa,vizinha... Enfim, as possibilidades são infinitas! Assim, podem ter tido 30 minutos ou 3o anos o tempo que essas mulheres passaram e fizeram diferença em nossas vidas, elas sempre deixam um pouquinho delas dentro da gente. Muito obrigada por fazer parte do círculo de mulheres maravilhosas que eu tenho o prazer de conviver e que fizeram e ainda fazem a diferença em minha vida. Amo todas vocês, independente do nível de amizade e com a intensidade que até mesmo a distância ou o tempo não diminuem!

E se precisar de mim,Saiba que estarei aqui, a apenas um e-mail de distância...

Para minha amiga especial: Marisa! :)


A arte de viver. Nesta viagem, um medo enorme vai tomando conta da humanidade, passando a pensar de forma pequena, esquecendo que fazemos parte de um todo maior. Passe a pensar dentro de um contexto mais amplo e a fazer uma análise em sua vida. Talvez seja bom aproveitarmos esta manhã para uma reflexão, e pensar com tranqüilidade sobre como temos levado nossa vida frente aos nossos semelhantes.
Um bom ponto de partida para estas reflexões, propiciando novas perspectivas para nossa vida é entender o “trem da vida”. Isso mesmo. A vida pode ser considerada como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros. Quando nascemos entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível, mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos e grandes amores. Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio. Outros encontrarão nessa viagem somente tristezas. Ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precise. Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe a sua partida. Nesta viagem é curioso constatar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles, só que, infelizmente, jamais, poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, e despedidas, porém, jamais, retornos.

Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e provavelmente, precisaremos entender porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que na atual existência, não entenderá a sua missão. O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em que parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado. Este é o momento de pensar se quando você descer desse trem se sentirá muitas saudades, acredite que sim. Mas separar de alguns amigos que fizemos nele será, no mínimo, doloroso.
Deixar filhos continuarem esta viagem sozinhos, com certeza, será muito triste, mas nos agarrarmos na esperança que a vida é infinita, e que em algum momento, estaremos na estação principal e teremos a grande emoção de vê-los chegarem com uma bagagem que tinham quando embarcaram, e o que vai nos deixar muito feliz, será o de pensar que colaboramos para que eles tenham crescido e se tornado valiosa contribuição para a Divindade. Este é o nosso momento de profunda reflexão. Façamos então com que a nossa estada, nesse trem, seja tranqüila e serena, que tenha valido a pena e que, quando chegar a nossa hora de desembarcarmos, que o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem serenamente a viagem. Eu acredito em você.

Recebi uma vez esse texto quando fazia teatro, mas era muito nova e não conseguia entender a verdadeira essência dele, mas hoje, minha querida amiga (sim, eu a considero minha amiga também e não apenas a mãe de uma amiga), consigo entender o verdadeiro sentindo dele...
Esse final de semana mesmo estava falando com a minha a minha mãe como a vida é engraçada, essa parada de trem “desenha” da melhor forma possível, e a gente falava justamente de como o mundo dá voltas e de como vocês se conheceram...
Sabe, Marisa, você é uma das poucas pessoas que eu quero levar no meu vagão pra sempre, até a viagem terminar, quero não só vê-la sorrir quando falo alguma bobagem, mas também quero tomar aqueles básicos puxões de orelha que você me dá sempre que necessário (e olha que não são poucas vezes não... rs), mas eu adoro, porque sei que fazes isso por ter carinho por mim, por eu ser importante, caso contrário, você ligaria o foda-se e nem falaria nada. Resumindo esse texto todo (grande pra caralho) eu só queria dizer-te que você é muito especial em minha vida (e sei bem que não só na minha) e que tudo que você sempre me fala e mostra, com seu jeitinho um tanto quanto nada delicado (desculpe, mas tive que zuar! rs), faz toda a diferença pra mim SIM!
Te amo!
Beijocas no seu ♥!

"If You Love Somebody Set Them Free"


Deixando livre quem tem que ficar livre...


Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o meu jeito exato, em algum cheiro estranho o meu cheiro preciso (...)


Infelizmente as coisas não são como escolhemos, eu estou escolhendo viver, fazer novas escolhas, mas nem sempre isso faz com que se arranque de dentro de mim esse sentimento tão grande... Resumindo: É bem fácil libertar quem a gente ama, o problema é tirar esse alguém de dentro de nós...

Sinta-se LIVRE!

Hoje é dia de Faxina na Alma


Jogue fora o que não quer mais...Liberte-se de todo peso inutil que carrega.
E quais são os pesos que tem arrastado ultimamente? Por acaso é a velha cobrança de ter que fazer algo, um casamento fracassado que se arrasta há muito, ou será uma culpa que te persegue?
Se a culpa é por algo que fez, entenda que nunca chegará a lugar algum se condenando. Culpas devem ser assumidas para que o erro seja corrigido, não para ser perpetuada, como carregar uma cruz enorme. Se você pediu desculpas, se demonstrou todo seu arrependimento por seu ato, e mesmo assim o outro se negar à perdoá-la, paciência, sua parte você já fez!
"Mas o que eu fiz foi muito grave para esta pessoa me perdoar"
Não importa a gravidade de seu ato porque você jamais deve ser a sua carrasca. Entenda que o arrependimento já está dentro de sua alma. Sem contar que perseguir o perdão nem sempre irá remediar a situação, sabia? Muito pelo contrário, ao se flagelar mentalmente ou se entregar ao outro para que pague na mesma moeda, estará atentando contra seu bem-estar sem receber nada em troca...Nem o perdão que tanto almejava conseguir!
Todos os sonhos que não se realizaram, todas os planos que falharam, nada disto tem valor na sua vida, por isto jogue fora!
Tenha novos sonhos, almeje novos horizontes e renove o armário de sua alma. Jogue este monte de frustrações no lixo e ocupe o lugar com coisas menos deprimentes. Você não é uma fracassada por não ter conseguido comprar sua casa e passar as férias em Paris. Se nada do que planejou não deu certo, não quer dizer que não seja capaz de recomeçar. Talvez nunca consiga ir a França, mas, sem o peso de suas cobranças, conseguirá ser tão feliz em Copacabana como seria em Paris.
"Eu nunca conseguirei ser feliz em Copacabana. Eu me sentiria mais fracassada ainda"
Então, troca os lamentos por atitudes, minha filha! Será que não se tocou que anda carregando um defunto em decomposição, o cadáver que é a soma de todos os seus sonhos mortos? Enterra de vez as frustrações ou ressuscita seus sonhos, mas não fica nestas de ficar esperando as coisas caírem do céu!
Quer ir à Paris sem fazer porra nenhuma, é isso que deseja? E só porque não conseguiu juntar grana nem para ir até Carapicuíba resolveu dar uma de mimadinha? Oras, pare de reclamar e mete as caras. Não me importa como vai fazer, se vai ter que trabalhar em três empregos e ainda vender sanduíche natural na praia. Oras, o sonho é seu, portanto, cabe a você pagar o preço!
Aliás, tudo na vida tem um preço.
O problema é que muitos querem pechinchar.
Conheço pessoas que envelheceram e se entregaram porque resolveram carregar o peso da idade nas costas. Seria muito mais lógico se aprendessem a viver sem lamentar o que perderam, mas como sofrem por não terem mais a beleza e o vigor de seus vinte e poucos anos...
Oras, a beleza está de acordo com a idade que temos, não há como lutar contra isso. Só que as pessoas se jogam pra baixo e se revoltam, e todo esse esforço inútel, pra que? Para acabarem se entregando à uma prostração, que nada mais é que o resultado de uma alma orgulhosa que não se aceita mais?
Se for esse o seu caso, liberte-se da nostalgia porque o passado não volta mais. E você pode chorar e se lamentar, mas nenhuma lágrima fará o corpinho ficar durinho como nos seus 18 anos de idade. Como? Se eu acho que uma mulher não pode ser bonita depois dos vinte e poucos anos? Não, minha cara, quem acha isso é você.
Existem milhares de porcarias infernizando sua vida, coisas que só servem para jogá-la no fundo do poço, mas você se recusa a abrir mão. Por que faz isso? Que benefício existe em carregar tanto lixo dentro do seu coração?
Que tal fazer uma limpeza na sua vida e jogar fora o que não quer mais?
Está cansada de tentar agradar todo mundo? Maravilha! A partir de hoje você só vai agradar aqueles que te aceitam. Jogue fora os falsos amigos, os amores suicidas e o desejo de agradar este monte de parentes que só querem te dominar e não te aceitam.
"Mas assim eu vou ficar sozinha!!"
Por isso que eu disse que você tem que pagar um preço por tudo que almeja, será que já se esqueceu? Eu acharia maravilhoso trocar todas essas pessoas (que você acha que deve aturar) por gente mais positiva, amigos de verdade.
Mas se eles farão tanta falta assim em sua vida...
Abra as portas e deixe sair as obrigações porque você não é obrigada a fazer nada! Entenda que tudo que se obriga a fazer não está de acordo com as leis da do Universo, porque tudo aquilo que não está em harmonia, não está no bem, não vem de Deus!
E os medos? Por que será que o medo de errar e não ser aceita te causa tanta dor, hein? Afinal, por que você teme mais o fracasso do que almeja o sucesso? Por acaso existe lógica neste comportamento? Claro que não! Então, livre-se dos medos e investe na coragem de tentar. E se errar, FODA-SE!!!! Você pode se levantar, sacodir a poeira e começar de novo.
É só não dar tanta importância para o que os outros vão pensar que tudo fica muito mais fácil.
Ao perder o medo que tem dos julgamentos estará jogando fora a carga mais inútil que existe!

Amadas coisinhas velhas, quando terei coragem de me livrar de vocês? Papéis e tralhas antigas estão na primeira linha, de qualquer sistema gerencial de coisas inúteis e descartáveis. Cultivamos o prazer de amontoar inutilidades que deveriam ser jogadas fora e jogamos fora preciosidades que deveriam ser guardadas. Sem perceber muita gente cultua e sobreestima velharias e quinquilharias que não servem para nada, a não ser para atravancar gavetas, mesas, caixas e prateleiras. Às vezes, locais ideais para construção de ninhos de ratos, formigas e baratas.
Pretendo nesses próximos dias reexaminar minhas “coisas inúteis” e fazer uma limpeza daquelas nas gavetas, estantes, debaixo das camas e sobre o guarda-roupa, para decidir o que serve e o que não convém guardar mais. Muitas coisinhas não terão méritos suficientes para continuar escondidas, azucrinando minha paciência. Nessa limpeza devo encontrar aquele negócio que procuro há dois anos.
Jogar coisas fora exige coragem, determinação e preparo psicológico. Gerir trecos antigos é, na realidade, tomar decisões, conviver com o passado e ser um pouco idiota. Faz vinte anos que venho procrastinando essa tarefa inadiável. Enquanto o tempo passa velharias e sucatas inúteis continuam exigindo mais espaços.
Tentei várias vezes inventariar papéis e antiguidades para dar ordem ao caos, sem grande sucesso. Quase chego às lágrimas quando abro envelopes antigos com cartas cheias de ternura, suspiros e beijos. Quando me sento para enxotar o passado, envolvo-me com amores que o tempo levou; com sofrimentos, tristezas particulares e triunfos generosos. Receitas médicas, resultados de exames desde minha adolescência, preciosos catálogos e manuais de instruções de todo tipo de eletrodomésticos, alguns jornais do tempo do onça, ressuscitam lá do fundo de alguma caixa e começo a relê-los com interesse crescente. Abstraído nem percebo o tempo passar. Então, deixo tudo para outro dia e fica a frustração de um amontoado de tralhas, mais embaraçado ainda; para ser resolvido quando Deus der bom tempo. Surpreendo-me ao descobrir que nunca apreciei recortes de jornais e de revistas que guardei com carinho para lê-los quando sobrasse tempo. Jamais sobrou tempo! Dobro tudo novamente e recoloco num envelope com data e o rótulo “para meus filhos”! Quem sabe, eles seguirão meu exemplo, adiando sempre a leitura desses papéis raros, até que se tornem inutilidades raras!
Nunca devemos subestimar o valor de coisas antigas, guardadas em baús ou caixas desmanteladas e cobertas de poeira. Antes de tudo, quinquilharias são precioso acervo memorial de acontecimentos que marcaram nossa existência. Reencontrá-los é como nascer de novo; mesmo com o coração aturdido e os olhos cheios de lágrimas. Impus-me um prazo para reorganizar meus trecos onde guardo preciosas relíquias empilhadas em estantes decrépitas. O primeiro passo é conscientizar-me que devo fazer isto. O segundo é fazer.
Acumulei coisas interessantes. Outras não. Como, cartas familiares dos bons tempos, pedaços de rosários, um certificado do meu batismo carcomido pelas traças, duas lentes para corrigir miopia, um exame laringológico de 1942. Guardo ainda pedaços de bonecos de celulóide, vários livrinhos e estampas de santos com orações variadas, manuais de instruções diversas, uma fivela com a cara de Buffalo Bill, amostras de areias monazíticas da praia de Guarapari; dois relógios imprestáveis, metade de uma nota promissória liquidada, um cheque que nunca foi sacado, muitos cartões postais, saudosos cartões de Natal e meio mundo de cartões de visitas. O bom guardador de coisas velhas não pode deixar de guardar revistas, mapas, livros, discos e jornais antigos. Destes tenho um monte. Agora, juntar-se-ão a estes, disquetes, CDs, certificados de garantia de computadores, de impressoras e outras trapizongas modernas.
Difícil é fazer a escolha entre o que vai pro lixo e o que não vai! Mesmo diante de coisinhas tão insignificantes, como são as velharias, pergunto-me: “Como é que uma pessoa escolhe?” Muitas destas reminiscências nasceram, desempenharam um determinado papel e depois foram relegadas ao esquecimento. Por exemplo: Ainda guardo um atestado de Folha Corrida da Polícia, que atestou minha idoneidade e me permitiu ocupar o primeiro emprego. Bem como, todas as cartas de recomendação moral dos empregos por onde passei. Revendo as lembranças que conservo, notei que parte da história do rapaz que fui está no meio daquele torvelinho desordenado, querido e ao mesmo tempo inútil.
Triste mesmo é dar fim aos livros, revistas e discos contendo saudosas canções. Quando chegar o dia de me desfazer desse acervo quase místico, farei um pacote e...pluft, largarei tudo no caminhão coletor de lixo, e sairei correndo no sentido contrário para não testemunhar tal desventura. Outras coisas que o bom colecionar de velharias não pode deixar de guardar numa caixa caindo aos pedaços, são rolhas, fita isolante, pedaços de canos, barrotes de madeira, alicate, tubos de cola vencidos, martelo, serrote, porcas, arruelas, pregos e parafusos enferrujados de todos os tipos, arame, fios para emergência, tomadas e as preciosas chaves de fenda. Esta parte das velharias pertence aos colecionadores artesãos, que nunca abrem mão de um parafusinho sequer. As mulheres também conservam uma parafernália de coisas velhas, que marcam suas vidas.
Estou fazendo o possível para evitar o culto exagerado às “necessidades supérfluas”. Redigirei um Estatuto, denominado “Porcarias”, cujo principal artigo será este: “Jogar fora o que não serve para nada, após esgotados todos os argumentos sentimentais de que o objeto nunca fará falta”. Este Estatuto será meu escudo contra a idolatria à essa velharia inútil.
Inúmeras vezes queimei as pestanas, tentando selecionar e catalogar todos os negativos de filmes dos últimos quarenta anos. Mas, a coisa está tão enrolada que é melhor rotular o pacote de “PROBLEMA SÉRIO”, esquecendo-o numa caixa com o sub-título: “Algum dia, talvez!”. Por falar em fotografias de família, já distribui centenas de fotos entre meus filhos. Cada um teve o livre arbítrio de escolher sua herança fotográfica. Mesmo porque à medida que envelhecemos dá enorme tristeza ver fotografias dos velhos tempos.
Estou seriamente decidido a não permitir que entre um treco novo lá em casa, sem que um treco velho voe pela janela. Considero valiosa essa permuta do novo pelo velho. Só não garanto se vai dar certo! No Estatuto colocarei uma cláusula, proibindo-me de entrar em livrarias, sebos e lojas de discos, com multa prevista de meio salário mínimo para cada infração; para doação aos pobres.
Pretendo livrar-me desse acervo de inutilidades, antes que um acesso de raiva queime meus neurônios. Pensando bem, as pessoas civilizadas e organizadas dispensam tudo que possa entulhar suas vidas e lares. Pelo mundo afora há os que idolatram quinquilharias, disfarçando um desejo de “perpetuar seu passado”. Na verdade muitas antiguidades acabam descrevendo suas próprias histórias, com os relacionamentos familiares e da conjuntura social da época. Há quem guarde com estima uma escrivaninha Vitoriana, um lampião à gás, uma cabeça embalsamada de Alce, uma clarineta do século XVIII, um raro exemplar de violino Stradivarius, um delicado vaso de porcelana chinesa, ou um pedaço de charuto de algum estadista famoso. O escritor W. Somerset Maugham onde se encontrasse, mesmo nos hotéis mais luxuosos, colocava uma xícara velha e rachada numa cômoda. Perguntado sobre essa singularidade bizarra, ele respondeu: “Serve para lembrar-me que, no fim de contas, as melhores coisas da vida são as mais simples. Esta xícara me faz voltar à realidade, quando estou ficando vaidoso demais!”.
De certo modo as coisas velhas ganham vida, à medida que o tempo passa. Muitas velharias aparentemente obsoletas terminam virando lenda, como um vestido de noiva, a coroa de um Rei famoso, um livro raro, o manuscrito de algum romancista, as chuteiras de um goleador. São velharias inestimáveis e sem cotação de preço. Guardarei para sempre a primeira página de um jornal publicada no dia em que nasci. Entretanto, estou plenamente consciente de que quando morrer, minhas brilhantes quinquilharias, virarão um monte de cinzas.
Nessa história de acabar com coisas obsoletas, há um evidente contraste. Às vezes guardamos um objeto, uma carta, um documento anos a fio. Jogamo-lo fora e acontece o inusitado: precisamos do dito cujo no dia seguinte, sem meios de recuperá-lo. Cada colecionador de velharias conta transtornos desse tipo. Dentro em breve farei uma astuciosa e honesta auditoria nos meus trecos velhos, enquadrando tudo no Estatuto que elaborei. Separado o joio do trigo, farei um grande pacote reforçado e esperarei o caminhão do lixo passar. Num gesto varonil e resoluto...vupt, jogarei o pacote dentro da caçamba, com firme e irrevogável tchau! Depois, gritarei no meio da rua: “Consegui...consegui!”.
O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS de se ter quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo(a), mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

A TPM E O CHOCOLATE



É fato consumado que não há nada melhor do que um chocolate para as mulheres na TPM. Alguns especialistas afirmam que ajuda na produção de sorotonina, reduzida pelas alterações hormonais.Todavia, minha opinião é a de que o chocolate exerce muito bem o papel de "bengala psicológica", mais conhecida como síndrome de culpa.Pensemos.A Mulher Moderna precisa, para cumprir todos seus papéis, sociais e profissionais, ser inteligente, bonita, magra, bem disposta, aculturada, maternal, sensual, sexy, madura, independente, sempre em dia com a aparência . Pra desempenhar tantas funções precisa de um dia de 30h, tal e qual a propaganda daquele Banco...Há aquelas que conseguem passar 24 h/dia, 7 dias/semana num processo de vigilância de calorias e de controle de peso, malham 2 h/dia, vão a tudo que é médico especialista , trabalha em período integral, coordena os afazeres domésticos, sai com os Amigos pr’um choppinho durante a semana, mantêm-se informada das colunas de economia, política, sociedade e variedades, assiste aos melhores programas de seu interesse, vai ao cinema, ao teatro e, ainda, sabe e já leu todos os livros que figuram na lista dos 10+ vendidos do mês de ficção e não-ficção.Adianto que não estou falando de mim. Não dou conta disso tudo não. Faz tempo que não sei o que é livro de literatura, embora eu leia muito mais que os 20 ‘celebrities’ do mês. Reluto em conseguir me exercitar periodicamente. Tento contar as calorias diárias, mas me perco na metade do dia. Divido o meu tempo entre trabalho e estudo, mas mesmo assim falta tempo pra ser essa Mulher Moderna e descolada, que está sempre linda, maravilhosa e culta!Bom, não cabe na minha cabeça o ideal de perfeição, nem para nós que tentamos ser diferentes de nossas Mães, aí... quando chega ao limite e influenciada pelos hormônios, nos liberamos de tudo que reprimimos cotidianamente.O chocolate é só o bode expiatório. Como forma de não jogar fora todo o esforço, colocamos, por óbvio, a culpa na própria TPM! Sempre tem de haver o sentimento de culpa... faz parte da nossa cultura moderna-ocidental-cristã. Há sempre as Mocinhas e o Bandido Chocolate...
Ou seria, BENDITO CHOCOLATE?

Vivo



"Vivo em busca da construção de um sonho tenho amor tenho fé e coragem o suficiente para alcança-los, tenho medo, sim de altura, masvivo caindo nos meus abismos particulares o que me da forças pra me reerguer eseguir em frente, gosto de ler e as vezes traço algumas linhas no papel porém oque sou ainda não sei muito bem, mas sei o que devo ser e quem quero ser...
Um dia eu chego lá, toda manhã sinto que cresci um pouquinho e sei que daqui a pouco nem eu me alcanço mais sou maior do que penso ser..."

(Laisa Rosinski)

A mulher da página 194 - Por Martha Medeiros


Ela é loira e linda. Tem 20 anos. Modelo profissional. Saiu na última edição da revista americana Glamour ilustrando uma reportagem sobre autoimagem, e foi o que bastou para causar um rebuliço nos Estados Unidos. A revista recebeu milhares de cartas e e-mails. Razão: a barriga saliente da moça. Teor das mensagens: alívio. Uma mulher com um corpo real.Não sei se Lizzie Miller, que ficou conhecida como a mulher da página 194, já teve filhos, mas é pouco provável, devido à idade que tem. No entanto, quem já teve filhos conhece bem aquela dobrinha que se forma ao sentar. E mesmo quem não teve conhece também, bastando para isso pesar um pouco mais do que 48 quilos, que é o que a maioria das tops pesa. Lizzie não é um varapau — atua no mercado das modelos “plus size”, ou seja, de tamanhos grandes. Veste manequim 42, um insulto ao mundo das anoréxicas.A foto me despertou sentimentos contraditórios. Por mais que estejamos saturados dessa falsa imagem de perfeição feminina que as revistas promovem, há que se admitir: barriga é um troço deselegante. É falso dizer que protuberâncias podem ser charmosas. Não são.Só que toda mulher possui a sua e isso não é crime, caso contrário, seríamos todas colegas de penitenciária. Sem photoshop, na beira da praia, quase ninguém tem corpaço, a não ser que estejamos nos referindo a volume. Se estivermos falando de silhueta de ninfa, perceba: são três ou quatro entre centenas. E, nesse aspecto, a foto de Lizzie Miller serve como uma espécie de alforria. Principalmente porque ela não causa repulsa, ao contrário, ela desperta uma forte atração que não vem do seu abdômen, e sim do seu semblante extremamente saudável. É saúde o que essa moça vende, e não ilusão.Um generoso sorriso, dentes bem cuidados, cabelos limpos, segurança, satisfação consigo próprio, inteligência e bom humor: é isso que torna um homem ou uma mulher bonitos. Aquelas meninas magérrimas que ilustram editoriais de moda, quase sempre com cara de quem comeu e não gostou (ou de quem não comeu, mas gostaria), são apenas isso: magérrimas. Não parecem pessoas felizes. Lizzie Miller dá a impressão de ser uma mulher radiante, e se isso não é sedutor, então rasgo o diploma de Psicologia que não tenho. Ela merecia estar na primeira página, mas, mesmo tendo sido publicada na 194, roubou a cena.