Gosto
de me sentir a única responsável pelas minhas frustrações. Isso me dá a
sensação de que se, da próxima vez eu acertar, poderei evitá-las.
Gosto do frio na barriga do primeiro encontro... Da dramaticidade cômica das gafes e do nervosismo...
Gosto do olhar direto, porém, acanhado. Do beijo tímido, porém, intenso...
Do desejo carnal se transformando em tudo o mais. Do despertar dos sentidos, das vontades, sentimentos.
Gosto do meu direito de viver como me cabe... De mudar como me interessa... De pensar quando me importa...
Gosto de ser quem sou, mas com o prazer imensurável de mudar quando considero preciso e me considero capaz...
Gosto até da rispidez que a sinceridade conota, porque dela é que se faz acordar para evoluir...
Gosto
de me sentir humana, de sentir, de entender e de ser capaz de me
importar o suficiente com as pessoas para não me dar ao luxo de fazê-las
achar que em algum momento elas serão mais importantes que a mim mesma
na minha vida...
Gosto
da desaobrigação do sentir... Da vontade genuína, da delícia do estar e
não de ser.. Gosto do sabor das coisas sem que precisamos que elas nos
possuam para apreciar. Da beleza das coisas, do contemplar, do toque, do
cuidado, da verdade...
Gosto
de cultivar em mim a vontade de ser cada dia melhor do que eu mesma,
sem precisar disputar com mais ninguém. Sem ter que despertar compaixão
nas pessoas e gosto de saber que em algum momento da vida, fiz a
diferença, ainda que hoje isso não valha nada...
Gosto
de amar sem esperar amor em troca, de me desafiar à uma força
sobre-humana de entender que as pessoas se desfazem do que sentem à
medida que não podem lidar com isso e de ser capaz de lidar com tais
lembranças sem sentir dor, só sorrir novamente, com saudades mais sem a
pretensão de querer de volta...
Gosto
quando me permito respirar lembranças... Quando sinto de cada um, o
cheiro que me deixou num abraço, ou o tom de voz carinhoso ao se
despedir, ou o beijo dado na testa como sinal de respeito ou, ainda, os
sorrisos sem motivo ou porque dados em meio ao caminhar despretensioso
pelas ruas...
Gosto de lembrar que, mesmo com tantas
adversidades da vida, ainda sou capaz de guardar o melhor de cada um e
de ser capaz de ser feliz por terem se ido para o que lhes faz sentir
melhor...
E de saber que ainda que jamais se lembrem de mim, eu já lhes fiz sorrir...
Por Thati Nunes