Depois da tempestade veio a bonança


Senhor, eu estou tranquila comigo mesma, com a minha consciência, mas preciso ouvir a Sua opinião.

No ônibus, de volta para casa, fiquei pensando na conversa que tive com meu filho. Infelizmente, não teve um final feliz, pois nos alteramos, trocamos palavras ofensivas e terminamos extremamente magoados.

Senhor, eu falei apenas a verdade - a verdade que Você também sempre falou, mas... Não estou feliz. Ao descer do ônibus e ao passar em frente da igreja, senti vontade de entrar para conversar com Você. A porta lateral, aberta, convidava-me a entrar. Hesitante, parei e pensei: "Faz tempo que não entro em Sua casa! Por que só agora estou querendo visitá-lo? Você sempre esteve presente em meu coração, Senhor, mas isto só não basta e descobri o motivo. Quando recebemos a visita de amigos em nossa casa, ficamos tão felizes! Por que, então, Você que é meu amigo e eu também sendo sua amiga, deixei de visitá-Lo? Você faz parte de mim, pois vive em mim, mas não existe apenas essa morada; por isso Você pediu ao seu discípulo Pedro que fosse erguida uma igreja e disse que, a igreja seria o Seu lar; o lugar aonde os amigos poderiam visitá-Lo, pois Você estaria sempre pronto a recebê-los, consolá-los e abençoá-los".

Volto ao meu diálogo interno sobre se entro ou não na igreja: "Só agora é que você lembra-se de visitá-Lo, hipócrita? Continua indecisa, mulher?".

Continuo meu caminho, pensando se devo ou não entrar. A porta lateral ficou para trás. Estava passando em frente à porta principal (que também estava aberta!). Senti necessidade de entrar... Como se Você estivesse me convidando. Entro.

A penumbra, o silêncio, Você no altar pregado na cruz... Ajoelho-me, olho para Você e peço com fervor: "Senhor, como já falei, estou em paz comigo mesma, mas sou humana, posso estar errada. Você é Amor e preciso ouvir Sua resposta". Rezo o Pai Nosso - meus olhos fixados nos Seus. Oro por mim e pelo meu filho que também deve estar sofrendo muito. Oro para que Você lhe dê coragem para suportar a situação e para que ele não cometa nenhum ato impensado.

Continuo a olhar fixamente nos Seus olhos, Senhor. Meus olhos ardem. Lágrimas vão se formando e vão escorregando pela minha face gelada. De repente, uma tranqüilidade imensa toma conta de mim... E meus olhos, Senhor - fixados em Sua face. Uma luz brilhante surge como num passe de mágica. Um clarão ilumina o altar. Gotas de luz banham o Seu corpo. Sua cruz resplandece... Eu, extasiada, não consigo desviar os meus olhos dos Seus, e então, Sua voz cristalina, sussurra ao meu ouvido: "Minha filha, não se atormente. Você agiu certo! Eu sempre disse que a Verdade deve ser dita. A minha vida toda a Verdade Eu preguei. Aquiete seu coração!”.

Agradeço Senhor o Seu apoio, a Sua compreensão, a Sua cumplicidade - pois para Você não cometi pecado, não havendo, portanto, a necessidade de Seu perdão.

Neste momento, toda a igreja está impregnada de luz! Mais uma vez, Sua voz sussurra ao meu ouvido: "Minha filha, você pode contar sempre Comigo. Você nunca estará sozinha”.

Aos poucos a luminosidade na igreja vai diminuindo, diminuindo e pontinhos de luz surgem em volta da Sua cruz, ora em cima, ora embaixo, ora de um lado, ora do outro, parecendo vagalumes. A penumbra e o silêncio voltam a reinar no templo.

Refeita do êxtase, volto à realidade. Ao cair da noite, exausta, abro a porta da minha casa. Meu querido filho me esperava, aflito. Olhamo-nos, sorrimos e nos abraçamos fortemente, confirmando assim, o pacto do nosso amor.

E a paz voltou a reinar em nossos corações.